Nova espécie de Passifloráceas chega ao Jardim Botânico do Recife

Espécie da Flor Maracujá Cobra  foi doada para fins de conservação e estudos científicos  da espécie

O Jardim Botânico do Recife, equipamento ambiental ligado à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, recebeu uma doação de mudas da espécie Passiflora edmundoi, popularmente conhecida como Maracujá de Cobra. A espécie foi entregue pelo colecionador e Engenheiro Agrônomo, Alexandre da Silva Xavier, e vem recebendo os devidos cuidados para sua adaptação e preservação. Através da técnica de polinização manual, o JBR conseguiu produzir o primeiro fruto dessa espécie. 

 

As sementes da Passiflora edmundoi chegaram ao Botânico em abril deste ano, e as primeiras flores começaram a brotar em setembro. Mas para que isso acontecesse, foi necessário um processo de polinização artificial manual, feito pelos estagiários do CODAI Efraim Rubens e Tamires e Pinto, que também viabilizaram a polinização cruzada da flor, resultando no primeiro fruto da espécie, entrando para a coleção do JBR. A flor do Maracujá de Cobra é hermafrodita, portanto, ela tem as estruturas feminina e masculina na mesma flor. A estagiária Tamires Pinto, estudante de Técnico em Agropecuária do CODAI-UFRPE, uma das responsáveis pela polinização, explica o processo feito para conseguir o primeiro fruto da espécie.   

 

"Essa espécie de maracujá é nova no JBR e ainda se encontra no que chamamos de "berçário" que é a casa de vegetação.  Sendo assim, não há entrada de polinizadores naturais, o que torna necessário a polinização artificial a fim de obter frutos, sementes e, consequentemente, novos indivíduos", explicou a estudante, que concluiu falando da importância de estar presente durante o processo. “Quando faço a polinização manual das passifloras me sinto parte da natureza, parte dessa simbiose. É mágico!”, conclui.

 

A polinização manual cruzada ocorre da seguinte forma: os grãos de pólen são retirados das anteras de uma flor e colocados sobre os estigmas de outra flor, ambas da mesma espécie.

 

O doador afirma que ampliar a distribuição geográfica dessas espécies reduz a chance de extinção, caso uma delas morra em determinado local. O colecionador fala da importância da doação a fim de ampliar a diversidade de espécies mantidas e preservadas nessas coleções.

 

“Muitas vezes nós imaginamos um Jardim Botânico apenas como um local de lazer, como um parque, uma praça. Mas um Jardim Botânico, mais do que isso, é uma estratégia de preservação de espécies. Nele, nós podemos manter plantas que já não conseguem mais sobreviver no seu habitat de origem, seja porque este já foi totalmente destruído ou degradado, ou está muito ameaçado pela ação do homem”, afirmou Xavier. 

 

A flor Maracujá de Cobra, somará não só aos projetos de pesquisa do Jardim Botânico do Recife, mas também à beleza da localidade, pois a espécie apresenta grande potencial ornamental devido à sua coloração vermelha e seu formato na pré-antese (que se assemelha a pequenos balões de São João). 

 

O nome popular da espécie é peculiar, pois, muitos nomes populares de maracujás estão relacionados a algum animal que, teoricamente, os consome na natureza. Mas a espécie que chega ao JBR, tem o nome vindo de uma origem diferente, pois as cobras não se alimentam de frutas, já que todas são carnívoras. Na região da Chapada Diamantina (BA), onde essa espécie tem grande distribuição, os moradores locais costumam encontrar cobras junto às plantas. A explicação é simples: como esse maracujá é polinizado por beija-flores, muitas cobras se aproximam das plantas com intuito de caça-los, e não comer os frutos. 

 

A Passiflora edmundoi é uma espécie de Passifloraceae, originária da América do Sul e com maior distribuição geográfica no centro-norte do Brasil. No Nordeste o maior número de registro de coletas desta espécie é no estado da Bahia. Apesar da  maioria das quase 500 espécies de maracujás não darem frutos comestíveis, no Brasil, são vistos unicamente como uma planta fruteira. Em outros lugares do mundo, como na Europa, estas plantas são muito usadas para ornamentação. 

 

A flor ainda não está em exposição para o público, mas após a maturação do fruto, serão obtidas sementes para formação de novas mudas da espécie, que poderão ser apreciadas na  coleção de Passifloráceas do Jardim Botânico do Recife.

Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade

Cais do Apolo, 222 - 7º Andar - Recife, PE, 50030-230 (8h às 12h: atendimento ao público)

 

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